Eu quero um TREINADOR INGLÊS

Já ando a dizer isto há mais de 3 anos e ninguém me ouve.

Já se devia ter parado o ciclo de experiências tipo - Peseiro / Paulo Sérgio / Couceiro / Domingos / Sá Pinto / Oceano, e sabe Deus quem mais.

A equipa deste ano tem bons valores individuais e várias alternativas para as diversas posições – mas falta-lhe organização, modelo de jogo, espírito de grupo, vontade, empenho e eficácia.

Ou seja, falta quem os ponha a jogar à bola, ganhar jogos e criar o hábito de vencer.
Mas porquê um treinador inglês?
Porque estão habituados a compor equipas com jogadores vindos de campeonatos, países e continentes diferentes, estão habituados a integrar gente nova, a harmonizar estilos e maneiras de ser diferentes, sem dramas e desculpas 6 meses depois da época começar.
Por ex. entre os 13 centro-campistas do Queens Park Rangers esta época há 10 nacionalidades diferentes, desde adolescentes a anciãos, e isso não é notícia.
Porque estão habituados a ser disciplinadores e integrar jogadores de diferentes idades, estatutos e categorias, sem angústias nem vedetismos, sem os empresários a pressionar nos jornais. Andy Carroll joga no West Ham como jogava no Liverpool o ano passado. Peter Crouch jogou no Totenham e Liverpool como no Stoke City e Ji Sung Park corre agora no QPR como fazia no Manchester United.

Porque as equipas inglesas, mesmo as da 2ª metade da tabela, menos dotadas em recursos financeiros e humanos, são equipas organizadas, os jogadores enchem o campo, lutam por cada bola, arriscam, quando caem levantam-se, as simulações são mal vistas e em 90 minutos há 85 de jogo real.

Por isso, cada jogo da Premier League é um apetite, independentemente de quem joga.
Porque vêm habituados a jogar à 4ª e ao sábado, nos feriados e no Natal, com neve e com chuva, jogos que acabam de língua de fora, não se queixam e não passam a vida lesionados.   
Porque nesse clima de exigência, um jogador com recursos cresce, faz-se mais atleta e melhor jogador. Foi assim p.ex. com Boa-Morte, com o Cristiano, com o Vaz-Tê e, pasme-se, até o Cadete se tornou um caso sério na Escócia, há uns anos.
Finalmente, porque se estão a marimbar para o nome dos árbitros, dos treinadores adversários, dos dirigentes, senadores e jornalistas que não conhecem.

Eu tenho saudades do Allison, do Robson, do Toshack, do Burkinshaw. 
E proponho que o nosso Presidente esteja atento ao primeiro que for despedido do fundo da tabela da Premier League e lhe telefone – esse chega-nos perfeitamente.

Eu quero um treinador inglês, por favor.