sábado, 26 de julho de 2014

Samurais, faraós, colorimetria e dores de cabeça na terra dos moinhos

Primeiro, e mais importante do que qualquer assunto de natureza futebolística, quero aqui declarar que não quero saber do tom de verde escolhido para os calções do equipamento principal do Sporting. São verdes. Já chateia tanta discussão. Se fossem vermelhos e tivessem uma águia na parte da frente, então tínhamos motivo de debate. Se fossem cor-de-rosa com um dragão, tínhamos motivo de discussão. São verdes. “Ah mas deviam ser pretos ou brancos, ou…”. São verdes. O que conta é o que está… debaixo dos calções. São verdes, get over it.

Passando a coisas sérias, no embate de hoje frente ao Utrecht (the “t” is silent), o sexto da pré-época dos leões, Marco Silva repetiu o onze que venceu o Benfica, na final da Taça de Honra. Dos reforços, apenas Oriol Rossel alinhou de início, no vértice mais recuado no triângulo do meio-campo.

Os holandeses começaram melhor, a trocar a bola num futebol apoiado e tomando a iniciativa da partida. O Sporting, com menos bola, ia pressionando em bloco coeso, com dinâmicas interessantes e pouco usuais na ocupação de espaços por parte de André Martins, que ia aparecendo adiantado, jogando entre o avançado e o extremo. À passagem do minuto 20 surgiria o primeiro golo, por André Martins, que, após remate de Adrien Silva, tirou o guardião adversário do caminho e assinalou mais um tento nesta fase de preparação. Um pequeno parênteses: esta abundância de golos por parte do internacional português não é obra do acaso. Mas já lá vamos.

O Sporting estava, nesta fase, no controlo do jogo. Boas combinações no meio-campo, Capel a jogar como se da final da Champions se tratasse, até Carillo jogou como se o futebol se tratasse um desporto colectivo, imagine-se. À meia hora de jogo, Montero viria a desperdiçar uma oportunidade soberana de voltar a marcar quando, isolado, tentou oferecer o golo a um colega. Adeptos no estádio e no sofá levaram, coreograficamente, as mãos à cabeça. Esta foi a primeira de três, ainda antes do intervalo. Outro pequeno parênteses: parece-me que a incapacidade de Montero concretizar também não é obra do acaso. Mas já lá vamos.

Pouco depois, o segundo golo, fotocópia do primeiro. Remate de Adrien Silva, defesa incompleta e recarga de Cédric, a empurrar para o 2-0.

A segunda parte trouxe João Mário e Carlos Mané, juntamente com uma descida de ritmo da equipa verde e… verde. O Utrecht pegava no jogo, o que levou Marco Silva a colocar William Carvalho para o lugar de Rossel, a.k.a. o SEU lugar. Boeck defendeu um penálti esquisito, palmas para ele, o capitão desta tarde. Pouco depois, golo do Sporting. De quem? Junya Tanaka, que tinha entrado 3,2 segundos antes para empurrar um cruzamento apetitoso de Jefferson. O Oliver Tsubasa do Campo Grande fazia o quarto em dois jogos e confirmava a vitória tranquila do Sporting. Juntamente com o japonês, entrou também Shikabala para a direita, com fome de bola e vontade de fazer estragos. A jogo vieram ainda Paulo Oliveira, Esgaio e Slavchev, com pouco tempo para impressionar. Boeck faria ainda uma defesa impressionante e Mané abanou com a trave, num belo remate após bom trabalho de Slavchev.

E agora as dores de cabeça. Ou o André Martins se acalma de jogar tanto à bola ou o João Mário se arrisca a ficar demasiado tempo no banco numa época que deveria ser a sua. Ou o Montero começa a meter um golito de vez em quando ou arrisca-se a passar de segunda para terceira opção na frente (o Samurai parece-me um jogador de características semelhantes mas com mais instinto e confiança do que “El Avioncito”, por agora). Nas alas, Carrillo, Capel, Mané e Shika… difícil… Quem trabalhar mais, agarra os dois lugares. Tudo dores de cabeça (boas) para o Mister resolver até ao início da temporada. Faltam ainda alguns testes com um grau de dificuldade maior, todos eles importantes para perceber, juntamente com eventuais entradas e saídas no plantel, que equipa irá apresentar o Sporting contra a Académica na primeira jornada do campeonato. Mas… já lá vamos.


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