Há qualquer coisa de (recorrentemente) esquizofrénico
nas opções de Paulo Bento quando escolhe os jogadores para a Selecção.
Paulo Bento compõe as equipas através de padrões que
nunca se alteram, independentemente dos objectivos e das circunstâncias. O que noutro ramo de actividade seria uma qualidade
(p.ex. em tarefas de arquivo ou na contabilidade) no Futebol é desconcertante... e idiota.
Em primeiro lugar, as equipas de Paulo Bento são sempre
estruturadas da mesma maneira, para jogar da mesma forma. Já no tempo do
Sporting era assim – a equipa tinha sempre a mesma táctica, a mesma arrumação e
as substituições eram sempre feitas à mesma hora - quer se o jogo fosse com o
Trofense, quer com o Manchester United.
Na Selecção é a mesma coisa.
Jogam sempre os mesmos, a arrumação nunca varia, as substituições são sempre à mesma hora.
Jogam sempre os mesmos, a arrumação nunca varia, as substituições são sempre à mesma hora.
A diferença é que, em vez do Pedro Barbosa, o Postiga dá
sempre a vez a outro aos 70 minutos de jogo. Jogadores como Nani, Hugo Almeida, Varela ou Postiga,
mesmo de cadeira de rodas – serão sempre convocados.
Para o Brasil só admira o guarda-redes Ricardo não ter sido chamado outra vez.
Para o Brasil só admira o guarda-redes Ricardo não ter sido chamado outra vez.
O laivo esquizóide está no resto das opções –
normalmente feitas para não serem usadas.
E nessas, Paulo Bento tem duas características também
imutáveis. A primeira é a preferência por jogadores o mais polivalentes
possível - quanto mais posições um jogador fizer, desde ponta de lança à
baliza, mais possibilidades tem de ser convocado.
O problema nestas escolhas é certo e sabido, um
jogador quanto mais posições fizer, menos especializado e realmente bom será em
alguma delas. Tendo na polivalência uma
obsessão, cada vez mais me convenço que Cristiano Ronaldo só é convocado
porque… Paulo Bento não o pode evitar.
E assim, temos uma equipa desequilibrada com o melhor
jogador do mundo e mais 22 que jogam com ambos os pés e a parte de trás e da frente da cabeça, nem são esquerdinos nem
destros, nem são rápidos nem lentos, nem são muitos deles nem carne nem peixe a sério.
Assim, quando sai a convocatória e Quaresma fica de
fora, só alguém desatento é que se pode surpreender.
Quaresma é um desequilibrador nato, um artista, um
espírito rebelde, um mago a inventar maneiras de colocar a bola na área. Quaresma levou o FCPorto ao colo desde Janeiro e evitou
que o Estoril ficasse em 3º lugar esta época.
Mas Quaresma é um tipo irreverente, não se desgasta a
defender e gosta mais de inventar em vez de jogadas combinadas – logo, ficou
naturalmente de fora.
A segunda característica de Paulo Bento é a vertigem
pela descoberta de novos talentos, de preferência em sítios raros. Em todas as convocatórias há um Anthony Lopes, um Eder,
um Custódio, um Bebé, um Ivan Cavaleiro ou um qualquer obscuro defesa esquerdo
do Apoel Nicósia ou do Maccaby Haifa que por acaso nasceu nas Caxinas. Não se entende o propósito, até porque
normalmente são descartados tão rapidamente quando são chamados.
Estas descobertas têm um reverso da medalha, que é
deixarem de fora valores seguros e em boa forma – assim, Danny, Adrien Silva (e
Carlos Mané) ficam a ver o Mundial pela Televisão e William Carvalho é uma
incógnita dentro deste esquema de opções.
Com estas reflexões, há afinal alguma esperança para o Brasil? Claro que sim – o jogo em Estocolmo contra a Suécia
explicou como se faz: dar liberdade a Cristiano Ronaldo e instruções aos outros
para lhe passar a bola em
velocidade. Se conseguirem isso, sem esquemas de transições em losango
invertido e outras cenas estranhas, tipo Freitas Lobo, ganhamos a qualquer
equipa.
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